19.5.14

Eu tinha um preço
Um valor que eu não sabia
Foi evitando que descobri
Nas palavras por quanto tentou me vender
Tal moeda desconhecida
O câmbio foi arbitrário
Mas você não conseguiu pagar
Então um pouco mais de você eu vou apagar.
Não se vende alguém!
Não se coloca preço em alguém!
É assim que se torna um ninguém!
Não é tudo que se pode comprar,
Não é mesmo?
Você não tinha esse valor, né?
Não conseguiu me comprar.
Não é tudo que está à venda.
Você vai me entender.
Até lá, eu vou me entreter.

10.5.14

Da janela avisto suas pernas
Não me preocupo com
Nenhuma amarra
O vão entre suas coxas
Tentação proeminente
Voltada para mim
Como se apontada
Pedisse bis.
Parece que me subjugam
Que me chamam e
Desejam
Ardente como uma luz vizinha.
Serotonina e adrenalina tentam
Tentam mas não corrompem,
A sacada com a porta aberta
Me convidam e
No apagar de suas luzes entendo,
Talvez não fosse para mim.
Seria uma rua que nos separa?
Seriam mundos equidistantes?
Sua nudez exaltada
Perturba a noite
É a facilidade que te
Mantém a essa distância
Longe
Mesmo que curiosa
Minha vontade se mantém íntegra
Pô pô pô por causa da ressonância que conheci
Ser, não, cumprir,
Ao menos com a promessa
Que me fiz

9.5.14

Prostrado em reverências,
atônito e intragável,
um gole de vinho branco
ou uma dose de whisky.

Vejo-o como um lorde,
escravocrata
de mentes vis

Décadas se passaram
entre silêncios
contradições e
fugas

Desmonta a imagem
que te fez
rei

Retrai a ambiguidade
quando ostenta
uma certeza
fajuta

Antítese
do carrasco
que se autodenomina

Alguém.