10.7.17

Meu silêncio,
Que evita as certezas das brigas,
Expurga a nítida imagem
Onde um pai carrega o caixão
Com as mãos sujas se sangue.

Ainda brigo no ar,
Defendo minha vivência,
Minha existência.
Um futuro que não escrevi.

Apontando o lápis...
Para perfurar e reescrever,
Ou desenhar algo novo.

Mente qual seu veredito?
Sou o único a confiar na minha força,
Mente qual seu veredito?

Mente, qual seu veredito,
Mente qual é o veredito.

2.3.17

Todo homem
Gostaria de ser romântico
Como eu e você,
Gostaria de saber se expressar,
Gostaria de tocar o coração da amada,
Gentilmente,
Saber o que fazer quando fazê-lo.
Ousar quando necessário,
Recuar quando inevitável.
E não invadir e tomar conta,
Sabendo que cedo ou tarde iria abandoná-lo.
Deixar o coração cicatrizar sozinho,
Aguardar melhorar para então retomar.
Filho, todo homem gostaria de ser
Eu e você.
Fazem sentido
O barco e o avião.
Enquanto um se senta ao leme
Para navegar e explorar,
O outro voa em busca da liberdade
Reprimida por não saber aonde ir ( o que fazer).
Amor, eu te amo.
E é por isso que preciso ir embora.
No sossegar da rotina,
Estágio esse que nos encontramos,
Evolução passou a ser apenas uma
Palavra.
 
Pai, eu te amo.
E é por isso que preciso ir embora,
A sociedade não aceita
Um homem que expõe suas emoções.
É um fraco, um tolo ou apenas um
Sonhador.
 
Família, eu te amo.
E é por isso que preciso ir embora.
Cercado pela parede dos cuidados,
Os próximos passos se tornam difíceis,
A âncora atinge o fundo e tudo o que resta é
Parar.

26.2.17

Gaudí se esqueceu.
Dalí o tornou maleável.
Muitos poetas teorizaram.

Ele continua passando.
Não vai parar.
Ninguém vai durar.

Só vai doer...
Você só vai pensar...
Quando alguém não estiver mais.

Gaudí queria que fosse maleável.
Dalí o queria teorizado.
O poeta, eternizado.

13.2.17

Não tem olhado...
Há tempos não tem visto
Com os olhos certos.
Apenas feche seus olhos para ver.

6.2.17

Avoada
Caprichosa vida,
Desejo resguardado de um
Sonho.
Curvado aos tantos sentimentos,
Definitivamente acordado desse
Sonho.
Analépsico.
Tentando voltar ao
Sonho.
Corrigido pelo mesmo
Racional reacional.
Sonho.
Com o sonho
Desajustado,
Vida, então, volto a sonhar?

É o pulsante vácuo
Que preenche
Quando o sono
Desmorona sob seus músculos.

O vibrante tilintar
De sua voz,
Ecoando no vazio.
Presente do presente.

No esfregar de suas mãos
Em minha pele,
Sinto a presença
Da ausência.

O gosto pelo carinho,
Se compreendido,
É uma doação.
Atemporal.

A falta que faz,
Eminente desejo,
Percalço amargo
Do todo em torno.