17.6.15

Às vezes só queria
ouvir você dizer
não

não de uma maneira
que o tornasse
bitolado

não de uma maneira
que o tornasse
quadrado

Patologicamente pai.

Às vezes só queria
ser ouvido

não de uma maneira
que me tornasse
mártir

não de uma maneira
que me tornasse
mestre

Suicidamente filho.
O que da dignidade humana?

Letrado, concorrido
Multiplicado
Enlatado
Copiado

Sem face e
facilmente substituído,
mesmo carregando
mais de mil consigo.

Ser produto do que fizeram de você?
Imponência e desrespeito?

Humildemente carrego
minha dignidade
que me torna super ou hiper
meu curso, meu caminho,
meu destino.

No fundo, lembre-se:
você é mercadoria;
eu...
a vendo.



12.6.15

Pensava viver...
...delicado!

Pensava viver...
...entonado!

Pensava estar...
...creditado!

Pensava estar...

Julgava ser mais um,
em brados de herói,
no verde do meu rum,
um solo se constrói.

Afugento a inocência,
tão logo me consome.
Sou foco do julgamento.
Este que não me convém.

Deito sarcasticamente
no leito, desenhado,
alcoolizado, desnudo,
que me fizeram.

Penso então
viver o novo,
mesmo dilacerado.

Reconstrução secular.

Passos dados
nas marcas feitas
de um concreto úmido.

São destes os passos?
São de outrem as marcas?
Quem segue quem?

Não há como pisar
no mesmo local
deixado em outro
espaço de tempo.

Nem tempo qualquer,
deixado em outro
espaço do local.
Pisado anos atrás.

Histórias vividas
entre eu e você.
Hoje esquecidas...
Hoje esquecidas?

Incerteza.
Incoerência.
Inocência.
Sem destreza.

Repetir.

10.6.15

Fatídico dia...
Nas linhas de querosene,
Encontro o obituário!
Morri,
Morri como morri tantas mil vezes.
Dos destroços, não me remonto mais.
Na angústia destronada,
Sobra-me a carne podre de um último dia.
Descem as lamentações e chegam em seu ponto...
...Final.